10 dicas preciosas
O mundo do vinho continua dinâmico e, por isso, selecionamos dez rótulos de diversas origens, estilos e preços que merecem ser conhecidos e degustados
Selecionamos dez bons achados e novidades que valem a pena ter em casa. Listamos brancos e tintos em todas a faixas de preço e para todas as ocasiões.É bom lembrar que os pães Panesse nos acompanham em todas as degustações editoriais e são grandes aliados dos enófilos entre um gole e outro de vinho. Boa degustação!
Chablis Defaix 1er Cru Les Lys 2003
Borgonha, França
R$ 345 – PNR Vinhos
93 pontos
Apesar da dificuldade da conceituação de mineralidade nos vinhos, alguns exemplares traduzem de forma prática essa sensação. Chablis é conhecida pela influência de seu solo calcário (até mesmo com conchas marinhas fossilizadas) na Chardonnay e isso pode ser notado neste raro exemplar que tem fermentação espontânea em barricas, com 18 meses de contato com as leveduras e lançado apenas após dez anos da colheita. Na prática, traz aromas de pera, ameixa-amarela e um toque salino na boca. Tem a estrutura de um tinto, com ótima acidez, vivacidade e final muito mineral.
Vallado Reserva Branco 2015
Douro, Portugal
R$ 190 – PPS Importadora
92 pontos
O horizonte para tintos e brancos do Douro ainda está se abrindo, apesar do grande reconhecimento que já recebem da crítica. Este branco feito com as castas Rabigato, Gouveio, Arinto e Viosinho, fermentadas em barris de 500 litros de carvalho francês e estagiadas por sete meses nos mesmos barris, recebe assinatura enológica do craque Francisco Olazabal (Quinta do Vale Meão). O resultado é sedutor, com aromas de ameixa-amarela, leve maracujá, marzipã, baunilha e mineral bem integrados, boa estrutura e textura com boa fluidez e acidez no ponto exato.
De Lucca Río Colorado 2011
Canelones, Uruguai
R$ 306,99 – Premium
92 pontos
Reinaldo De Lucca tem forte personalidade e isso se reflete em seus vinhos. Na longa lista de rótulos produzidos, alguns empolgam mais e outros menos. Este Río Colorado é um dos pontos altos e uma das melhores safras já lançadas. O nariz complexo (frutas vermelhas frescas, canela, erva-doce, baunilha e pão tostado) e elegante mostra boa nitidez dos aromas e intensidade agradável. Na boca os taninos são finos, mas sem perder a firmeza, e acompanhados de boa acidez. No final a fruta se mantém com toque de café com leite.
Tarapacá Gran Reserva Etiqueta Negra 2015
Maipo, Chile
R$ 150 – Épice
91 pontos
Boa parte da explicação da supremacia dos vinhos chilenos no mercado brasileiro está na evolução qualitativa de seus vinhos, em todas as faixas de preço. Este 100% Cabernet Sauvignon do Vale do Maipo é um exemplo disso. Com aromas das barricas de carvalho marcando menos o vinho, resultado do uso, a qualidade da fruta (licor de cassis e cereja) se percebe com maior nitidez e as especiarias aparecem no fundo, com canela, cânfora e café. Concentração, intensidade aromática, textura de taninos e frescor estão em bom equilíbrio. Mérito do enólogo Sebastián Ruiz.
Salton Septimum 2012
Campanha e Serra Gaúcha, Brasil
R$ 177 – Salton
91 pontos
O principal vinho da brasileira Salton é lançado apenas nos melhores anos e volta ao mercado com sua segunda edição, após a safra 2009. O conceito se mantém, um blend de sete variedades: Teroldego, Cabernet Sauvignon, Tannat, Merlot, Cabernet Franc, Marselan e Petite Syrah. Esta última substituiu a Ancelota da safra anterior. A fermentação direta nas barricas de carvalho ajudou na integração da fruta à madeira e desde já o vinho está ótimo para se tomar. Repleto de frutas negras maduras, taninos intensos, mas já macios, final com especiaria e tosta da madeira, o tinto traz também um frescor exemplar.
Carmen do quinada 1 semillon 2016
Apalta (Colchagua), Chile
US$ 68,50 – Mistral
90 pontos
Conhecida pela grande presença no mercado e vinhos consistentes, a Viña Carmen lançou a série DO (Distinta Origen), resultado de microvinificações de parcelas com personalidade única. Neste caso, a Sémillon de um vinhedo plantado na década de 1950 e sem irrigação, fermenta espontaneamente em barricas usadas. O resultado é um branco untuoso, glicerinado e estruturado, com aromas de flores brancas, jambo e amêndoas tostadas. A ótima acidez indica que, à moda dos australianos de Hunter Valley, deve evoluir bem na garrafa.
Convento Oreja Crianza 2011
Ribera del Duero, Espanha
R$ 159 – Bodegas
90 pontos
No tradicional embate entre Rioja e Ribera del Duero, ambas regiões com supremacia da Tempranillo, a vantagem da segunda região está no apelo imediato da intensidade de sua fruta, com mais extremos de tanino e acidez. Essas características podem ser notadas neste tinto, que traz o lado sedutor da fruta negra madura e concentrada, com as notas lácteas (baunilha e bala de leite) dos 12 meses de estágio em barricas francesas. Os 12 meses complementares em garrafa ajudam a amalgamar os taninos finos e firmes com a boa acidez e deixam o conjunto bastante fácil de beber.
Baron Knyphausen BaronK Riesling Kabinett 2013
Rheingau, Alemanha
R$ 109 – Vind’Ame
89 pontos
Há uma boa leva de Riesling alemães entrando no mercado brasileiro, o suficiente para nos fazer superar os “traumas” de vinhos brancos germânicos. Este Riesling surpreende pela expressão sofisticada e o segredo é que, apesar da classificação kabinett, os vinhedos que dão origem a este rótulo são de classificação Premier Cru e Grand Cru (Erste e Gross Lage). Aromas de melão, grapefruit e carambola discretos, com leve mineral (querosene). O corpo é delicado e há acidez pulsante, que deixa quase imperceptível o traço de doçura.
Durbanville Hills Chardonnay 2016
Cape Town, África do Sul
R$ 81 – Zahil
89 pontos
De volta ao mercado brasileiro e com novo importador, a vinícola sul-africana, que recebe forte influência dos ventos marinhos do Atlântico, tem o devido reconhecimento dos vinhos feitos com a Sauvignon Blanc. Outra boa descoberta é este Chardonnay, versão didática da variedade, que por vezes recebe excesso de madeira. Não é o caso em tela, quando apenas 10% do volume do vinho fermenta em barricas de carvalho, o que ajuda mais na maciez e textura do vinho que nos aromas. No nariz, pera e maçã fresca, com um toque cítrico. Há boa acidez e um toque de iogurte no final. Direto e agradável.
Terra Rossa La Grotta Bianco di Salento 2014
Puglia, Itália
R$ 88 – World Wine
88 pontos
A marca Terra Rossa foi criada para homenagear as origens da família La Pastina. La Grotta é a linha que está no segundo degrau de preço do catálogo da marca. O branco feito com 40% Malvasia, 40% Verdeca e 20% Chardonnay não passa por madeira. A valorização do frescor indica a vocação para os dias quentes. Aromas limpos de limão e melão, com um toque de levedura dão boa complexidade e recebem suporte de estrutura mediana, que não o faz um mero aperitivo, e ótima acidez.
Por Marcel Miwa
Fotos RJ Castilho e Divulgação