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14º Concurso do Espumante Brasileiro celebra recorde histórico e consolida evolução da qualidade no país

Com 520 amostras inscritas, evento da Associação Brasileira de Enologia (ABE) destacou a força dos pequenos produtores, o avanço do método tradicional e a diversidade de castas

O 14º Concurso do Espumante Brasileiro entrou para a história como a maior edição já realizada desde sua criação, em 2001. Organizado pela Associação Brasileira de Enologia (ABE), o evento reuniu 520 amostras de 102 vinícolas de seis estados – Goiás, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O júri, composto por 54 especialistas, concedeu 160 medalhas, sendo 15 de Grande Ouro (nota acima de 94 pontos) e 145 de Ouro (entre 90 e 93 pontos), o que representa 30,7% do total de amostras avaliadas.

A edição de 2025 confirmou uma tendência clara: o crescimento dos espumantes elaborados pelo método tradicional e o fortalecimento dos estilos mais secos, como Nature e Brut. Dos 520 rótulos inscritos, 407 (78%) foram produzidos com segunda fermentação — seja pelo método tradicional ou charmat — e 113 (22%) do tipo moscatel, de fermentação única. Entre os premiados, 124 são brut e 36 moscatéis, refletindo a preferência do mercado e dos enólogos pela sofisticação e complexidade dos espumantes secos.

Segundo o presidente da ABE, enólogo Mário Lucas Ieggli, o concurso é um retrato da maturidade do setor. “Mais do que premiar, o evento é uma vitrine que mostra ao Brasil e ao mundo a evolução da qualidade e a diversidade dos nossos espumantes. Cada edição revela a ousadia dos produtores em traduzir seus terroirs e apontar novos caminhos para o vinho brasileiro”, afirmou.

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14º Concurso do Espumante Brasileiro / Foto: divulgação

O crescimento qualitativo foi acompanhado por maior exigência técnica. A ABE segue rigorosamente as normas internacionais da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), que limitam a premiação a 30% das amostras, mesmo que outras atinjam nota mínima para medalha. Assim, 388 espumantes ficaram fora do pódio, embora tivessem pontuação de Ouro ou Prata — um indicativo de que o nível de qualidade nacional é cada vez mais alto e competitivo.

Outro destaque foi a diversidade de castas utilizadas, com quase 20 variedades diferentes entre brancas e tintas, incluindo Chardonnay, Pinot Noir, Chenin Blanc, Gamay, Grenache, Moscateis (Branco, Canelli, Hamburgo e Giallo), Rieslings (Itálico e Renano), Sauvignon Blanc, Vermentino, Viognier e outras. Essa pluralidade demonstra a capacidade de adaptação dos enólogos brasileiros e o potencial expressivo dos diferentes terroirs do país.

Durante dois dias de degustações cegas, os sete júris da competição analisaram cada amostra de forma técnica e isenta, garantindo a credibilidade dos resultados. O anúncio dos vencedores foi feito em jantar solene realizado no Boulevard Convention Vale dos Vinhedos, em Garibaldi (RS), com presença de produtores, autoridades e representantes da imprensa especializada.

Entre os destaques, 15 rótulos receberam Medalha Grande Ouro, incluindo vinhos de referência como o Abreu Garcia Festividad Brut 2022 (SC), o Pizzato Espumante Nature (RS), o Quinta da Neve Nature Blanc de Blanc (SC) e os Valmarino D.O. Altos de Pinto Bandeira 2021 (RS). O Prêmio Destaque Sabre de Ouro, concedido a seis espumantes entre os mais pontuados, reconheceu marcas como Cave Amadeu Brut 2024 (Geisse), Ponto Nero Cult Nature (Garibaldi) e Oremus Moscatel Branco (Fante).

O Rio Grande do Sul reafirmou sua liderança com 146 medalhas, seguido por Santa Catarina (12), São Paulo (1) e Minas Gerais (1).

Com mais de duas décadas de trajetória, o Concurso do Espumante Brasileiro é hoje um dos mais respeitados do continente e um espelho da revolução silenciosa que o país vive em torno de suas borbulhas. A cada edição, o evento confirma que o espumante nacional deixou de ser uma promessa para se consolidar como um símbolo de excelência, identidade e orgulho enológico brasileiro.

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Horst Kissmann

Editor de Vinhos e Bebidas || @kissmann

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