A safra 2019 na Europa
O ano 2018 rendeu uma colheita generosa, porém a de 2019 mostrou um cenário diferente para alguns países europeus, como França, Itália e Espanha
O ano 2018 rendeu uma colheita generosa, porém a de 2019 mostrou um cenário diferente para alguns países europeus, como por exemplo França, Itália e Espanha. Os dois primeiros registraram aproximadamente 15% de queda; enquanto a Espanha apresentou redução de 24%. Dentre os países da União Europeia (UE), Portugal foi o único que cresceu, calcularam-se 10% em relação ao ano anterior. A Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) mostrou que o cenário de queda foi global, de acordo com uma pesquisa em 28 países que representam 85% da produção global (o Brasil está incluído nessa lista e teve um tombo de 5%).
Voltando à Europa, qual foi o motivo para que a diminuição atingisse a maioria dos países da UE? Parte foi devido à primavera muito fria. Com geadas tardias que impactaram nos números, como visto em muitos locais, com destaque para o sul da Borgonha (Mâconnais). A Espanha também sofreu. Regiões receberam granizo durante o outono e a primavera, e muita chuva prejudicou a floração, que foi bastante irregular. Isso diminuiu significativamente a quantidade e o tamanho dos bagos.
O verão
No fim de maio e junho as temperaturas foram subindo, o que deixou os produtores animados; até que subiram mais e ainda mais, batendo recordes históricos, como ocorreu na França (mais de 40 ºC), além do clima extremamente seco. Ponto que também prejudicou regiões italianas (foi o quarto ano mais quente da Itália desde 1800), além dos ataques de animais. Mais um momento de coração acelerado e possibilidade de grandes perdas para os produtores. Em agosto, algumas regiões foram beneficiadas com a chuva, que causou grande alívio, principalmente para a manutenção da acidez nas uvas brancas.
Portugal comemorou muito o excelente amadurecimento das uvas que ficaram livres de pragas e doenças, o que corroborou para o aumento diferenciado ante o restante da União Europeia. Segundo relatos de quem viveu a safra 2019 e acompanha a produção dos vinhos, podemos esperar tintos longevos, generosos, com boa concentração de frutas e taninos sedosos, além de brancos marcantes, com acidez equilibrada, que lhes dará o frescor necessário. Por um tempo, ainda ficaremos na expectativa de provar os grandes rótulos desse ano. Até lá, vamos nos divertindo com vinhos de outras safras e que estão evoluindo muito bem.