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Cachaça boa se mistura, sim!

Engana-se quem pensa que para uma caipirinha, um rabo de galo ou qualquer coquetel a cachaça mais indicada é a de mais baixa qualidade ou somente branca.

São muitos os mitos que norteiam essa bebida. A começar com o escravo que deixou o caldo azedar e aquilo evaporou até encontrar o teto frio da senzala para condensar e fazer a alegria dos que ali estavam. Outro é de que cachaça boa ou que tenha envelhecimento não se mistura.

Vamos por partes: o que faz uma cachaça boa? Se pararmos para pensar essa resposta é bem complicada.

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No mundo de bebidas não podemos generalizar nada. Temos diferentes processos de produção e diferentes propostas de sabores. Sabemos que quanto mais se destila, mais se neutraliza um produto. Sendo um monodestilado, nossa caninha carrega informações desde a matéria prima até o envelhecimento com bastante exuberância.

Cachaça boa é que você sente prazer em tomar. A cachaça de alambique, por seu processo, carrega mais elementos de aroma e sabor. A de coluna entrega mais neutralidade e padrão. O importante é ter certeza da procedência, ser um produto registrado, que tenha compromisso com o ambiente e com as pessoas que ali trabalham. Como diz o cachacier Mauricio Maia, “a melhor cachaça é a próxima!”.

Sabemos que cachaça é o destilado da vez, por tanto, paute sua escolha em qualidade. Ela alcançou esse momento por causa dessa complexidade, por não esconder suas características particulares. Isso se chama personalidade. Não é fácil usar bebidas que por si só entregam tantos elementos, em drinques. Ainda mais quando acrescentamos as madeiras nativas.

Sim, podemos e devemos parabenizar bartenders que ousam se embrenhar e provar seu talento usando nossa cana para drinques diferentes pois é uma tarefa árdua.

Além da qualidade, optar por líquidos envelhecidos abre um leque sedutor de informações. Por exemplo: ao invés de temperar um trago de cachaça branca usando canela, mel e baunilha, use uma envelhecida em amburana. Se busca um perfil mais seco, adstringente e herbal e condimentado, uma cachaça em bálsamo irá se integrar perfeitamente.

Você pode também se aventurar por esse mundo. Aqui vai um breve guia para combinações que podemos fazer em casa:

grafico cachaça isadora

Ah, sobre os escravos: é um conto lúdico, curioso, mas de mentirinha. Uma incompatibilidade física, pois nenhum ambiente é naturalmente capaz de estar quente suficiente para evaporar caldo líquido ao mesmo tempo em que está frio para condensá-lo. Além do mais, foram os europeus que trouxeram os saberes da destilação para o Brasil em meados de 1500.

Podemos continuar contando desde que coloquemos essa história na casinha dos mitos. Toda bebida tem sua lenda e essa da cachaça, temos que concordar, é muito maravilhosa.

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