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Número de cervejarias dobrou nos últimos três anos, no Brasil

A ascensão de marcas artesanais foi a responsável pelo aumento exponencial. Hoje, 479 municípios brasileiros têm pelo menos uma fábrica da bebida e a previsão é que os números cresçam em 2019

O perfil do consumidor nacional de cerveja está mudando. Segundo pesquisa realizada pela Mintel no ano passado, os consumidores de todas as classes sociais têm priorizado a qualidade à quantidade de cerveja. E, ainda, de acordo com uma análise realizada pelo Banco UBS, também em 2018, mais de 77% dos entrevistados afirmaram que gostam de experimentar novas marcas, e por isso, estão dispostos a pagar mais por um rótulo considerado premium.

A consequência disso foi o aumento frenético de cervejarias artesanais no país. Segundo relatório recente divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), nos últimos três anos, o número de fábricas de cerveja cresceu mais de 100%, subindo de 418 para 889.

Só no último ano, houve um crescimento de 30% na quantidade de fábricas, com o acréscimo de 210 novas cervejarias. “É uma tendência mundial. A cerveja classificada como mainstream, ou seja, convencional, tem perdido mercado, mas em contrapartida os rótulos classificados como premium e super-premium estão crescendo. É onde se encaixam as cervejas artesanais”, conta Luis Celso Jr, professor do Instituto da Cerveja.

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O professor explica que as pessoas estão buscando saber mais sobre cervejas em geral e isso reflete no mercado. “É aprendendo sobre o produto que o consumidor passa a dar valor.  Faz parte de um processo de aculturamento do mercado, de modo que se enxergue valor no que está consumindo.” Luis Celso acredita que o número de cervejarias artesanais deve continuar subindo. “Mas ainda existem algumas limitações. Os impostos aqui são bem mais altos do que em outros países”, afirma.

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Foto Arquivo PDM

A dificuldade de recompra

Segundo Victor Pereira, mestre-cervejeiro da marca artesanal Dádiva, apesar das pessoas estarem dispostas a investir mais na cerveja de qualidade, o preço não ajuda a fidelizar os clientes. “Enquanto os preços não forem competitivos, dificilmente teremos um bom número de recompras. Devido ao imposto extremamente alto, o consumidor quer experimentar, mas dificilmente consume regularmente as cervejas artesanais”.

Pereira conta que boa parte das artesanais dependem de grandes lançamentos para garantir bom número de vendas. “É preciso se reinventar a todo o momento para continuar sobrevivendo”.

Uma das principais batalhas da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) é reaver os impostos tributários. “Precisamos continuar brigando para um ambiente tributário mais justo para as pequenas cervejarias. A diferença de preço precisa deixar de ser tão grande”, afirma Carlo Lapolli, presidente da Abracerva.

Uma alternativa encontrada pelas marcas artesanais para fidelizar os clientes é criar uma cerveja considerada de entrada, com um custo mais baixo para atrair o público. “Em 2018, vimos algumas cervejarias migrando para o preço popular e isso é muito bom para o consumidor, mas principalmente para o mercado. É uma forma de democratizar a cerveja artesanal”, conta Lapolli.

Ele acredita que uma vez que o consumidor conheça os rótulos artesanais, dificilmente vai preferir os convencionais. “A cerveja artesanal entrega muito mais informação sensorial. É mais sabor, mais aroma, é um produto mais gastronômico”.

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Expectativas positivas

Mesmo com altos impostos, os especialistas se mostram positivos com o crescimento no setor cervejeiro para 2019. “Ainda temos muito para crescer, atualmente, já existem cervejarias em 479 municípios brasileiros, mas temos mais de 5.000 municípios com possibilidade para explorar”, diz o presidente da Abracerva.

Segundo o relatório divulgado pela Mapa, Porto Alegre é a região com mais cervejarias no país, são ao todo 35 fábricas registradas. Em seguida, está Nova Lima com 19 e Caxias do Sul com 16 fábricas. Depois do Rio Grande do Sul, que conta com 186 cervejarias, estão os estados de São Paulo com 165 fábricas e o de Minas Gerais com 115 fábricas.

“Temos um movimento bem forte das cervejas artesanais nas regiões interioranas. Isso, acaba gerando um otimismo que reflete para o mercado realizar mais investimentos”, conta Lapolli.

A meta de crescimento da cervejaria Dádiva para 2019 é de 15 a 20%. “Na prática precisaríamos de um crescimento de 30%, mas essa estimativa ainda é bem positiva. O grande objetivo é conseguir, ano após ano, fazer produtos com mais qualidade e preços mais atrativos. ”, diz o mestre-cervejeiro Victor Pereira.

Estilos que serão tendência em 2019

Para Luis Celso Jr, esse será o ano das IPA’s e Sours. “A IPA e suas variações devem seguir dominando o mercado. Uma tendência é a Brut IPA, que surgiu na Califórnia no ano passado e chegou aqui muito rapidamente. Também veremos muita Sours. No Festival Brasileiro de Cervejas do ano passado basicamente em quase todos os estandes tinha uma opção de Sour”, conta.

Outra aposta do professor é o resgate de estilos leves. “Depois de um boom de cervejas fortes e extremas, principalmente nos Estados Unidos, o momento agora é voltar aos estilos leves e refrescantes. Essas cervejas combinam com o nosso clima, por isso devem desabrochar muito bem por aqui. ”

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Foto Arquivo PDM

 

 

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Stephanie Vapsys

Foi vendendo cupcakes na feira de empreendedorismo da escola, aos 15 anos, que Stephanie Vapsys se encantou pela confeiteira e, posteriormente, pela gastronomia. A jovem que nunca recusa um docinho ou um convite para jantar, decidiu cursar jornalismo na Faculdade Cásper Líbero por ser fã de literatura e fascinada por contar boas histórias. Desde 2015, na redação de Prazeres da Mesa, a repórter teve a oportunidade de conviver diariamente com sua grande paixão. Depois de grandes contribuições, partiu para novos desafios no início de 2020, deixando a equipe de Prazeres da Mesa.

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