Colunas

Descorchados chega ao Brasil

POR PATRICIO TAPIA (*)

Para ser sincero, isso não soa nada bem. Uma simples e até um pouco banal autopromoção de Descorchados, o guia de vinhos que venho fazendo no Chile há dez anos e que, em 2008, é publicado pela primeira vez no Brasil. Mas, enfim, não há ninguém com mais autoridade do que eu para falar desse livro que, não por acaso, tem estado presente em minha vida uma vez por ano na última década. Então, se o permitirem, minha coluna hoje trata desse livro e de sua primeira aventura em território brasileiro.

Antes de tudo, a base teórica. Descorchados, desde sua primeira edição em 1999, teve como principal objetivo ser um guia simples e prático sobre vinhos chilenos, além de apresentar a visão pessoal de um jornalista de vinhos, ou seja, apenas subjetivamente, o que acredito serem bons vinhos. Podem concordar ou não.

Continua após o anúncio

Por sinal, a idéia também era (e é) fazer um guia independente, que não tivesse pressão de adegas e cujas degustações fossem feitas completamente às cegas, o que ainda não acontece. Já falei disso outras vezes: é bom degustar às cegas, assim aprendemos, educamos o paladar, mas também é infinitamente mais divertido do que fazê-lo vendo as etiquetas. Não há surpresa, se sabemos o que estamos provando. Simples assim.

Com altos e baixos, Descorchados foi construindo um nome no âmbito sul-americano e acredito que seja merecido, porque ainda é um guia fiel a seu espírito e que, da mesma forma, alcançou um público que o segue. Mas tudo deve ter uma evolução. E Descorchados, pela primeira vez em sua história, dá um grande salto para o mercado brasileiro.

A principal mudança desta edição brasileira é que os vinhos degustados são tanto do Chile quanto da Argentina. Para os vinhos argentinos, contamos com a impagável colaboração do sommelier e escritor Fabricio Portelli, que dirigiu as degustações das amostras de seu país e foi quem atribuiu as pontuações. No Chile, o destacado sommelier Héctor Riquelme e eu fomos os responsáveis: Riquelme, aportando notas de serviço e harmonia comida-vinho, e eu, pontuando e descrevendo os vinhos.

As degustações foram feitas em seus respectivos países, mas a idéia era fazer uma grande degustação final com os melhores 50 vinhos de cada nação, cara a cara, todos misturados. Para essa ocasião, ocorreu-nos ter um convidado estrela, o jornalista e colaborador de Prazeres da Mesa Jorge Lucki. Jorge é um velho amigo, um grande sommelier e um homem cujo prestígio não dá lugar a dúvidas. Ele trouxe comedimento e conhecimento, mas também se uniu ao grupo e passou um bom tempo conosco, desfrutando essa oportunidade única.

As degustações foram um deleite. Como sempre, como gostamos, comentamos os vinhos, rimos, tentamos fazer com que nosso trabalho fosse agradável. Nada de gravatas, nada de poses de laboratório. Descorchados, desde seu início, foi um momento de aprendizagem, sim, mas também de entretenimento. E é isso o que esperamos transmitir a vocês quando lerem o guia para descobrir quais são os melhores vinhos da Argentina e do Chile.

E quais foram os melhores? Terão de comprar o livro para saber. O que eu, sim, posso contar é que durante essas degustações descobrimos vinhos não só de grande qualidade, mas também de grande caráter, vinhos que representam, com certa fidelidade, o lugar de onde vêm. É isso o que nos interessa em Descorchados e isso é o que tentamos premiar.

(*) Patricio Tapia é autor do Guia Descorchados, principal publicação sobre vinhos do Chile

Mostrar mais

Prazeres da Mesa

Lançada em 2003, a proposta da revista é saciar o apetite de todos os leitores que gostam de cozinhar, viajar e conhecer os segredos dos bons vinhos e de outras bebidas antecipando tendências e mostrando as novidades desse delicioso universo.

Artigos relacionados

Leia também
Fechar
Botão Voltar ao topo