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Qual azeite é o melhor do mundo?

A pergunta parece simples, mas é cheia de armadilhas e pode ter várias respostas

Pergunta simples, mas de resposta complexa. Já que a maioria dos produtores dirá que é o “seu” azeite, enquanto outras pessoas citarão o de sua região ou de algum país com o qual tenha maior afinidade. Há ainda alguns que levarão em consideração o conhecimento do produto. Ou também a experiência que tiveram em alguma viagem e muitos a memória afetiva das refeições de domingo com a família. A verdade, porém, é que ser o melhor azeite é subjetivo. Isso porque dependerá de comparações que fazemos de origem e procedência, do tipo dos produtos, dos métodos de produção, do terroir e das emoções. Sendo esta última, a mais difícil de comparar e de classificar.

Como consumidores, cada um tem uma resposta diferente. Faça essa pergunta a seus amigos ou a seus familiares. Verá que as opiniões serão diversas, conflitantes e, muitas vezes, polêmicas. Um exemplo desse conflito de opiniões é que em países como os Estados Unidos associam o título de melhor azeite aos que são produzidos na Itália e na Grécia. Já no Brasil, associamos aos portugueses e espanhóis, esquecendo-nos muitas vezes dos azeites nacionais premiados mundialmente.

No mundo existem mais de 12.000 lagares de azeite localizados em mais de 50 países. A maioria está na Espanha, Itália, Grécia, Tunísia e Turquia e representam 75% da produção mundial. Visitei a região de Jaén, no sul da Espanha, em novembro de 2019, e vi de perto a colheita e a extração do azeite de rama – como é chamado o azeite de colheita nova. Ali, há 66 milhões de oliveiras plantadas, mais de 300 lagares que produzem cerca de 650.000 toneladas de azeite por ano, representando a metade da produção espanhola e 20% da produção mundial.

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Qual o melhor azeite do mundo?

Com esses números concretos e azeites de qualidade que produzem, para os espanhóis sem dúvida nenhuma o melhor azeite é o deles. Além disso, muitos produtores e especialistas no produto concordam que a Espanha tem excelentes azeites, mas se abrem a uma discussão mais ampla e técnica.

Um exemplo são os concursos internacionais, como por exemplo o reconhecido NYIOOC, que acontece anualmente em Nova York; e o Brazil IOOC, que é realizado no Brasil – neste último fui uma das juradas. Ao final de provas às cegas e avaliações técnicas (sensoriais e gustativas), feitas por jurados especialistas em azeite de oliva, é divulgado o ranking dos melhores azeites do mundo. Eles são divididos em categorias ouro, prata e bronze. Além disso, os que obtiveram ouro no ranking são novamente avaliados e classificam-se os “Best in Class”, ou seja os destaques em cada categoria. Nos últimos anos tivemos produtos da Espanha, da Grécia, de Portugal, da Austrália, da Croácia, dos Estados Unidos e do Brasil no mais alto do pódio dos concursos de azeite de oliva.

Ser o melhor é subjetivo principalmente quando queremos que ele tenha a melhor qualidade, com excelentes aromas e sabores, e seja barato. Queremos o BBB dos azeites: bom, bonito e barato. Sinto em desapontar o leitor, mas essa matemática não fecha. Não existe azeite bom e que seja barato. Um azeite barato, na sua essência, não será de qualidade. Isso porque são necessários em média 10 quilos de azeitonas para se produzir, em média, 1 litro de azeite.

Como a qualidade do azeite é definida?

Muitos fatores influenciam a qualidade, o  sabor e o aroma do azeite de oliva. Como por exemplo, a época da colheita das azeitonas que no Hemisfério Norte se dá entre os meses de outubro e dezembro. No Hemisfério Sul, entre os meses de fevereiro a maio. E isso determina o índice de maturação dos frutos.

A variedade da azeitona de que foi feito o azeite (as variedades no caso de blends), pois por se tratar de um suco de fruta, o azeite será resultado das azeitonas de que ele foi feito, podendo ser mais suave ou mais intenso, com pouco ou muito aroma. O terroir, o clima e o solo local também imprimem no azeite suas características. A umidade, o calor, a chuva, geadas e nevascas, bem como se o local é de planície, montanha e se os solos são alcalinos, argilosos ou ácidos influenciam o produto.

Além disso, os olivais estão sujeitos a pragas e doenças e isso prejudica os frutos e, por consequência, os azeites extraídos deles. Os tipos de cultivo, se recebem menos ou mais água, se são ecológicos, biodinâmicos e o processo de produção – devemos observar a temperatura em que foi feito, a decantação do azeite, sua filtragem e o modo de conservação, o envase e a embalagem.

Muitas são as variáveis, algumas técnicas e outras mais subjetivas, para interpretação e determinação de um como sendo o melhor, mas há uma unanimidade ao opinarmos sobre qual o melhor azeite do mundo? Sendo leigos ou profissionais do setor, concordamos em um ponto: não existe azeite BBB, bom, bonito e barato.

 

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