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Comida e vinho brasileiros em Londres

Por Marta Barbosa Stephens, de Londres

O momento não é lá dos melhores, ainda assim o Brasil foi celebrado com festa no último fim de semana em Londres. Um apanhado da comida tradicional e também da moderna cozinha brasileira foi apresentado a um público de brasileiros saudosos e ingleses curiosos durante o Brazilian Taste, festival com aulas, degustações e jantares organizado pelo incansável Flávio Amaral. “Tive o apoio institucional da Embaixada e da Embratur, e o apoio de muitos colegas e de importadores de produtos brasileiros”, diz Flávio, que agora se prepara para assumir a cozinha de um restaurante na região de Liverpool Street. “Estou profundamente feliz em defender nossa cultura.”

Coube a Luciana Berry, chef consultora em Londres, abrir o evento com uma receita muito pessoal de casquinha de caranguejo. Para mostrar o processo desde o começo, ela trouxe um caranguejo vivo e ensinou como cozinhá-lo e, principalmente, como abri-lo usando não mais do que o cabo de uma faca e as mãos. “Quando estava na Cordon Bleu, participei de um workshop de três horas sobre como tirar a carne de um caranguejo”, conta. “Mas eu sou baiana, faço isso desde os seis anos, então me ofereci para ajudar o professor.”

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Luciana, que ganhou popularidade no Reino Unido depois de ser a primeira brasileira finalista do Masterchef UK, em 2014, dispensou o uso dos instrumentos de corte oferecidos pelo professor e fez história. “Depois de ver minha habilidade, ele passou a me convidar para participar das aulas sobre o crustáceo.” Na receita de casquinha de caranguejo, Luciana acrescentou gengibre ao vinagrete que acompanha e conserva de chuchu na finalização. Em contagem regressiva para inaugurar seu próprio restaurante em Londres, até o final deste ano, Luciana se ocupa em fazer concorridos jantares pop-up e cozinhar em eventos privados. “Há espaço para a comida brasileira aqui.”

Graziela Milanese, professora da Mackenzie em São Paulo, trouxe uma receita mais tradicional: um cuscuz paulista autêntico, com sardinhas, camarões, azeitonas e palmito – ingrediente que chamou a atenção dos estrangeiros. “O que marca a nossa comida é a mistura de referências culturais, e o cuscuz paulista é um ótimo exemplo”, diz a professora que também mantém um projeto de curso online de culinária, com aulas em vídeo.

Nicholas Corfe, diretor comercial da importadora de bebidas Go Brazil, comandou uma degustação de vinhos brasileiros. Diante de uma plateia surpresa com a produção vinícola do país, ele apresentou quatro rótulos. Primeiro, o Don Guerino Brut Chardonnay, um espumante elaborado pelo método Charmat. Seguiu com o Sanjo Nubio Sauvignon Blanc 2013, que impressionou pelo complexo aroma de figo e especiarias; e o versátil Aurora Varietal Pinot Noir 2015. Fechou a degustação o Don Guerino Vintage Malbec 2015, envelhecido por seis meses em carvalho francês e americano. “Há muita coisa boa na produção brasileira, uma pena que por causa da carga tributária os vinhos cheguem com um preço elevado aqui, e pouco competitivo”, explica Nicholas. Dos vinhos que apresentou, o mais barato é o Aurora Pinot Noir (8 libras ou algo como 48 reais). O mais caro, o Don Guerino Vintage Malbec 2015, custa 16 libras, ou 64 reais.

Brazilian Taste 2018
A boa notícia é que o Brazilian Taste 2018 já está sendo organizado. “Começamos a trabalhar na programação e na escolha da data”, conta Flávio. Por enquanto, a única certeza é que o evento não será nos meses de verão no Reino Unido, em uma tentativa de reduzir os custos, aumentando as chances de trazer mais chefs do Brasil para comandar workshops. Este ano, além de Graziela, Clovis Lima, dono da empresa de catering Physalis, veio de Fortaleza.

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