MESA do Chef JAN 2025

Como contratar funcionários temporários com eficiência

Em um setor onde a demanda pode variar drasticamente durante o ano, especialmente em feriados ou férias escolares, a contratação de funcionários temporários torna-se essencial para garantir o bom funcionamento dos restaurantes.

Com a sazonalidade e os picos de demanda frequentes em determinados períodos do ano, a contratação de funcionários temporários se tornou uma estratégia essencial para garantir a qualidade do atendimento em restaurantes. A necessidade de contratar temporários no setor gastronômico está diretamente ligada às flutuações de demanda, que podem ocorrer de forma pontual ou contínua. 

Para José Pires, proprietário do restaurante Grano, esse aumento de demanda pode ser tanto orgânico quanto resultante de eventos específicos, como feriados, férias escolares ou até mesmo a movimentação de clientes em restaurantes localizados em shoppings. “Em nosso caso, a sazonalidade tem um impacto considerável, especialmente em feriados prolongados ou durante o verão, quando há mais turistas ou clientes em busca de uma refeição fora de casa”, explica.

A primeira etapa, segundo Pires, é analisar cuidadosamente a demanda do restaurante e os períodos do ano que exigem mais mão de obra. “É fundamental entender o perfil de negócio do restaurante, se é sazonal ou se as oscilações acontecem ao longo do ano, e assim fazer previsões de contratação”, destaca. Entender essas variáveis ajuda a planejar a necessidade de temporários com antecedência, evitando a sobrecarga e garantindo o atendimento de qualidade.

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De acordo com a Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), cerca de 450 mil vagas temporárias foram abertas no último trimestre de 2024, número próximo aos 452 mil contratos registrados em 2023, indicando uma grande movimentação no setor. Os contratos temporários são regulamentados pela Lei 6.019/74 e oferecem aos trabalhadores os mesmos direitos dos contratados CLT, incluindo pagamento proporcional e benefícios como vale-transporte, férias e 13º salário. Entretanto, a diferença entre essas modalidades está na duração do vínculo, com os contratos temporários podendo durar até 180 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 90 dias.

Encontrar candidatos qualificados para funções temporárias, especialmente em áreas como cozinha e atendimento, pode ser um desafio. Para José Pires, as melhores fontes de recrutamento ainda são as indicações dentro da rede de contatos do setor. “No ramo da gastronomia, o networking e as indicações de outros profissionais são fundamentais. Muitas vezes, as melhores opções vêm do meio, de pessoas que já conhecem o candidato e sabem como ele se comporta no ambiente de trabalho”, revela. 

No entanto, para funções que exigem formações técnicas ou experiência comprovada, como chefes de cozinha ou sommeliers, Pires acredita que as agências especializadas podem ser uma boa opção. “As agências direcionadas a funções específicas possuem um processo de seleção mais rigoroso e com critérios bem definidos, o que é muito importante quando buscamos profissionais com formação e experiência comprovada”, comenta. Hoje em dia, plataformas de recrutamento online também podem ser aliadas, mas sempre com o filtro da experiência e do alinhamento com as necessidades do restaurante.

O contrato temporário é ideal para necessidades sazonais, como a alta demanda de final de ano. Além disso, é importante que os restaurateurs entendam as especificidades desse modelo para garantir a conformidade com a legislação. Diferente dos contratos CLT, os temporários não têm garantia de continuidade após o término do contrato, mas recebem todos os direitos trabalhistas, como jornada de 40 horas semanais, décimo terceiro proporcional e férias.

Quando se trata de treinamento para funcionários temporários, José Pires defende que a chave para o sucesso está na estruturação do processo. “É essencial que a empresa tenha materiais de RH bem definidos, com procedimentos claros e objetivos específicos para cada função. O acolhimento do novo funcionário deve ser feito de forma que ele entenda rapidamente a missão e a cultura do restaurante”, afirma. Para ele, o treinamento precisa ser eficaz e dinâmico, permitindo que o temporário se adapte à rotina do restaurante com rapidez. “Os profissionais de RH devem ter profundo conhecimento sobre a cultura e os procedimentos da empresa, e isso faz toda a diferença na hora de treinar alguém rapidamente”, explica. Pires recomenda que o treinamento seja focado em aspectos práticos do trabalho, como atendimento ao cliente, manipulação de alimentos, higiene e postura, com um foco também na valorização do profissional, para que ele se sinta motivado e comprometido com a função, mesmo que seja temporário.

Contratar funcionários temporários pode ser uma solução eficiente para lidar com picos de demanda e sazonalidade no setor gastronômico. No entanto, o sucesso dessa estratégia depende de um planejamento cuidadoso para identificar as necessidades de mão de obra, da escolha das melhores fontes para recrutar talentos e da criação de um treinamento rápido e eficaz que garanta que o novo contratado esteja alinhado com os valores e procedimentos do restaurante. Segundo José Pires, com uma boa estruturação e uma visão clara do perfil do restaurante, é possível transformar a contratação temporária em uma oportunidade de fortalecer a equipe e garantir a qualidade do atendimento, independentemente do volume de clientes.

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Luiza Pires

Instagram: @luizarpires

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