Degustação com Daniel Pisano revela a força dos vinhos uruguaios
A Mistral realizou uma prova conduzida por Daniel Pisano, reunindo rótulos de sua tradicional vinícola e da Viña Progreso, em uma mostra que evidenciou a elegância e a personalidade dos terroirs do Uruguai
Por Nelson Peixoto (@nelsoncsp)
Por ser o mais extrovertido dos três irmãos proprietários da vinícola uruguaia Pisano, Daniel Pisano assumiu a função de divulgar a marca pelo mundo, papel que exerce com muito bom humor e naturalidade, fazendo amigos e encantando pessoas com suas divertidas histórias por onde passa. Em visita a São Paulo, acompanhado por Niko Kozik, gerente de exportações das duas vinícolas da família, Pisano e Viña Progreso, Daniel comandou uma degustação que, com seu fino humor, denominou de “Tudo o que você sempre quis saber sobre a família Pisano e nunca se atreveu a perguntar”.
Em meio a inúmeras histórias das mais divertidas (mas nem todas publicáveis), Daniel contou um pouco da história familiar, explicando como nasceu a Viña Progreso, quando seu sobrinho Gabriel, único com formação em enologia dentre seus filhos e sobrinhos, quis criar a própria vinícola, para dar vazão a algumas novas ideias que não se encaixavam no perfil dos já tradicionais e consagrados vinhos da Pisano, com a qual, porém, o enólogo continua a colaborar.

Da empresa mais nova, Viña Progreso, foram degustados três vinhos, começando por um interessante Pet-Nat Albariño 2025 (R$287,92), espumante vinificado pelo método ancestral, com leveduras indígenas e pouca intervenção, de pequena produção (cerca de mil garrafas). A seguir, o tinto Overground Sangiovese 2019 (R$212,65), um vinho concentrado, com aromas de frutas maduras e boa acidez, expressão da filosofia criativa de seu jovem enólogo. Por fim, o Elisa´s Dreams Open Barrel Tannat 2015 (R$563,92), de minúscula produção (apenas 186 garrafas), produzido pelo método de vinificação integral, em que as uvas têm contato desde o início do processo com a madeira, sendo o mosto, neste caso, fermentado em barricas de carvalho abertas, resultando em um tannat de estilo muito próprio, em que se sobressaem suaves notas aromáticas de frutas vermelhas e nuances terrosas. O bonito rótulo foi criado pela artista plástica Elisa, tia de Gabriel e esposa de Daniel, a partir de um sonho que teve, o que deu origem ao nome do vinho.

Os demais vinhos provados eram da vinícola Pisano. Da linha Reserva Personal de la Família, foram degustados dois exemplares: o RPF Petit Verdot 2021 (R$262,83), rótulo criado em 2004 após uma visita de Daniel à região de Bordeaux, onde notou que essa uva não era tão utilizada e resolveu testá-la em terras uruguaias, onde a cepa mostrou bom desempenho, dando origem a um varietal encorpado e de bom potencial de guarda; e o RPF Tannat 2015 (R$262,83 na safra disponível, 2020), um clássico exemplo de vinho dessa cepa, a mais emblemática do Uruguai, de coloração púrpura intensa, encorpado, com aromas de frutas negras maduras, chocolate amargo, especiarias e um toque balsâmico. Ainda foi degustado o Axis Mundi Gran Reserva Tannat 2011 (R$1.253,94), elaborado a partir de vinhedo singular antigo de baixíssimo rendimento, um tinto estruturado, potente e complexo, com capacidade para longo envelhecimento, que só foi lançado em três safras até hoje (2002, 2011 e 2015).



