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Dia da Mulher: cozinha 100% feminina

Na Oli Pizza, a chef Olivia Maita lidera uma cozinha composta exclusivamente por mulheres, desafiando a estrutura tradicional do setor, e propõe um ambiente mais colaborativo, equilibrado e inclusivo

No Dia Internacional da Mulher, a gastronomia se torna palco de um debate essencial: o papel das mulheres nas cozinhas profissionais. Se por séculos elas foram relegadas ao trabalho doméstico, enquanto os holofotes da alta gastronomia brilhavam quase exclusivamente na direção dos homens, hoje em dia esse cenário vem mudando cada vez mais. 

A chef Olivia Maita, que lidera a Oli Pizza, um restaurante com cozinha  composta exclusivamente por mulheres, falou a Prazeres da Mesa sobre os desafios e as conquistas dessa iniciativa, e também sobre o processo de dar um novo significado a um espaço historicamente marcado pelo machismo e a desigualdade.

Para ela, a decisão de formar uma equipe exclusivamente feminina surgiu de forma natural, ao perceber o talento, a dedicação e a organização das mulheres que entravam para sua equipe. “Sempre vi que as mulheres se dedicam muito, têm um senso de organização incrível e trabalham com muito carinho e atenção aos detalhes”, destaca a chef. Além disso, observou que a forma “leve” com que manipulavam as massas trazia um diferencial ao resultado na cozinha. “A leveza no toque faz toda a diferença na nossa pizza, e isso foi algo que percebi com a equipe feminina”, complementa.

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Entretanto, estruturar um espaço totalmente feminino também trouxe desafios, como encontrar mulheres dispostas a romper com antigos padrões,. “Nem sempre é fácil. Muitas mulheres já chegam desacreditadas, mas meu objetivo é dar suporte para que elas cresçam e conquistem seu espaço”, afirma Olivia. Como líder, seu objetivo é compartilhar conhecimento para que essas profissionais possam conquistar espaço no mercado e crescer dentro da gastronomia.

Ela também reforça a mudança na dinâmica do ambiente de trabalho, uma vez quea presença feminina equilibra as relações, tornando o espaço mais harmônico e colaborativo. “O ambiente se tornou mais acolhedor e respeitoso, onde todas podem se expressar sem medo”, comenta. Além disso, a sensibilidade e a criatividade das mulheres contribuem para novas oportunidades e crescimento dos negócios. A sororidade dentro da equipe também é um fator essencial. Apesar das personalidades fortes, a inteligência emocional e o senso de colaboração ajudam a resolver conflitos de forma construtiva. “Claro que temos desafios, mas aprendemos a nos apoiar e a crescer juntas”, diz Olivia.

Porém, ainda existem desafios para garantir equidade no setor gastronômico. A chef aponta a necessidade de melhores salários, oportunidades de qualificação e um olhar mais empático para o crescimento profissional das mulheres. “Ainda há muita desigualdade, principalmente nos cargos de liderança. Queremos mostrar que somos tão capazes quanto qualquer um”, ressalta. Além disso, defende que o mercado precisa ir além das campanhas comemorativas no Dia da Mulher e investir em ambientes de trabalho livres de preconceitos e desigualdade.

No seu restaurante, há um plano de carreira estruturado para garantir que as profissionais possam evoluir e mostrar do que são capazes. “Eu quero que todas saiam daqui preparadas para assumir qualquer desafio no mundo da gastronomia”, enfatiza. Para outras mulheres que sonham em liderar suas próprias cozinhas, seu conselho é claro: foco, persistência e intuição. “Acreditem em vocês mesmas, não tenham medo de errar e sigam em frente, porque o mercado precisa de mais mulheres na linha de frente”, incentiva a chef.

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Luiza Pires

Instagram: @luizarpires

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