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Dia do Sommelier: Marcela Celeguim e a Revolução da Carta de Vinhos do Palácio Tangará

Marcela Celeguim, aos 38 anos, surge como um exemplo notável de inovação e dedicação no mundo dos vinhos

No Dia do Sommelier, é essencial reconhecer e celebrar os profissionais que elevam a arte da enologia a novos patamares. Entre esses destacados especialistas, Marcela Celeguim, aos 38 anos, surge como um exemplo notável de inovação e dedicação no mundo dos vinhos. Com uma trajetória enriquecida por experiências internacionais e um profundo compromisso com a vitivinicultura, Marcela é uma força transformadora no cenário enogastronômico.

Atualmente, Marcela Celeguim exerce um papel relevante como sommelière no restaurante Tangará Jean-Georges, localizado no prestigiado Hotel Palácio Tangará. Em sua nova posição, ela se empenha em modernizar e diversificar a carta de vinhos do restaurante, introduzindo vinhos biodinâmicos e promovendo harmonizações ousadas que visam proporcionar experiências únicas e memoráveis aos clientes.

A abordagem de Marcela é guiada por uma visão sustentável e promissora. “O Palácio Tangará é um lugar fantástico! A possibilidade de vir trabalhar em um hotel tão prestigiado e estar perto dos meus filhos foi o que me fez aceitar o convite”, afirma Marcela. Sua chegada ao Palácio Tangará não só promete uma transformação significativa na seleção de vinhos, mas também reflete sua paixão contínua pela descoberta e pelo aprimoramento das experiências enogastronômicas.

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Com uma carreira marcada por paixão, dedicação e uma incessante busca por conhecimento, Marcela Celeguim está pronta para deixar uma marca indelével no Palácio Tangará. Sua expertise e criatividade são garantias de que o restaurante Tangará Jean-Georges se manterá na vanguarda, oferecendo experiências enogastronômicas excepcionais, elevando ainda mais o padrão de excelência do hotel.
A sommelière também se dedica à desmistificação da cultura do vinho, aproximando os clientes da experiência sensorial de degustação, passando a ter referências tanto dos clássicos quanto as novidades do setor. “O mundo do vinho se tornou (sempre foi) bastante dinâmico, e é preciso estar sempre atualizada para não perder as novidades e tendências”, explica.

A seguir, Marcela Celeguim divide um pouco de sua experiência:

1 – O que define uma boa uva para vinhos brancos?
Marcela Celeguim: Acredito que depende muito do estilo do vinho que se queira produzir. De um modo geral, o que se espera de um bom vinho branco é frescor, acidez e vivacidade.

Obviamente cada uva tem sua tipicidade e não podemos deixar de levar em consideração o “terroir”, conceito que engloba não somente as uvas, mas também o solo, o clima e as mãos do produtor, entre outros aspectos. A minha predileta é a Riesling, que devido a sua grande acidez produz os vinhos mais longevos do mundo, além de ter a capacidade de produzir tanto vinhos secos quanto os mais doces. Uma uva muito versátil para harmonizações.

2 – Com o que os vinhos brancos harmonizam mais?
Marcela Celeguim: Vinhos brancos nos remetem a frescor, delicadeza. Entretanto, tudo no mundo do vinho, tudo depende! (risos)
Existe um consenso que diz que vinhos brancos harmonizam com carnes brancas e vinhos tintos com carne vermelha, porém nem sempre isso funciona. É preciso considerar os acompanhamentos, molhos, métodos de cocção etc.

Quando pensamos em harmonização de vinho e comida é sempre importante levar em consideração a estrutura do prato e do vinho e tentarmos equiparar ambos. Por exemplo, se eu tenho uma salada caprese (tomates frescos, mussarela de búfala e manjericão fresco) eu penso, de novo, em acidez e frescor. Minha mente me leva para um Sauvignon blanc jovem e fresco, um bom exemplo seriam os chilenos do Vale de Casa Blanca, contudo, se eu tenho no prato algo como vieiras grelhadas com purê de couve flor, quinoa crocante e presunto de parma (um dos meus pratos favoritos do menu 6 tempos do Tangará Jean Georges, eu já penso em um Meursault, Chardonnay com mais potência, untuosidade e profundidade produzido na Côte de Beaune, sul da Borgonha na França.

3- Quais as uvas mais indicadas para fazer o vinho e por quê?
Marcela Celeguim: Existem muitas variedades de uvas no mundo. A grande maioria dessas variedades pertencem à espécie Vitis Vinífera, e são conhecidas por serem capazes de produzir uvas de qualidade para produção de vinhos finos. Há também, espécies de uvas norte americanas também são utilizadas em algumas regiões, porém sua principal função é servir como porta enxerto, pois são resistentes a algumas doenças comuns da videira. Dentro das espécies Vitis Vinifera, cada país, região, geralmente tem uma uva emblemática, principalmente quando falamos de velho mundo. São centenas de anos produzindo vinho, dominando ali cada pedaço de terra, gerenciando com maestria como trazer a melhor expressão de cada uva e terroir.  Posso citar algumas como Chardonnay, conhecida como a rainha das uvas brancas, super versátil e amplamente cultivada, além de ser capaz de produzir diversos estilos de vinhos, e responsável por produzir dos vinhos brancos mais celebrados do mundo como Le Montrachet AOC e Batard-Montrachet AOC.

4 – Quais são as mais conhecidas?
Marcela Celeguim: Chardonnay, Sauvignon Blanc e Riesling.

5 – Conte mais sobre essas uvas: Pinot Grigio, Sauvignon Gris, Lambrusco, Moscatel e Torrontés?
Marcela Celeguim: Cada uva possui uma tipicidade genética, porém o terroir é fundamental para a maneira de como a uva vai se expressar na taça. A Pinot Grigio da família das Pinots, parente então da Pinot Noir e da Pinot Blanc, quando produzida na itália, de modo geral (lembrando que no mundo do vinho sempre há exceções) será um vinho leve, delicado, sem muita complexidade, mais descontraído e divertido para se tomar em dias quentes. (grigio em italiano significa cinza, referência a casca da uva que é de coloração cinza, com pigmentos rosados). Já na Alsácia ela tem o nome de Pinot Gris (Gris cinza em francês) que se expressa de maneira distinta, sendo base para vinhos encorpados e peculiares. Sauvignon Gris, tem como a Sauvignon Blanc sua parente mais famosa, certamente tem sua origem em Bordeaux, na França, porém não é muito difundida. Lambrusco é uma variedade tinta, nativa da Emília Romagna no norte da Itália, conhecida por produzir vinhos frisantes, em sua grande maioria vinhos mais comerciais, podendo ser secos ou até ligeiramente doces. Moscatel e Torrontés, ambas pertencentes à família das uvas aromáticas, uvas exuberantes, que quando bem trabalhadas, são vinhos deliciosos de beber. Especialmente Torrontés de altitude nos traz uma acidez incrível, corpo médio e aromas florais.

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Lançada em 2003, a proposta da revista é saciar o apetite de todos os leitores que gostam de cozinhar, viajar e conhecer os segredos dos bons vinhos e de outras bebidas antecipando tendências e mostrando as novidades desse delicioso universo.

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