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A disruptiva Bordeaux

As mudanças climáticas fizeram com que os produtores da região enxergassem além da tradição

Tradição. Palavra mandatória em Bordeaux até que as mudanças climáticas afetassem a produção, que vem sendo sentida a cada ano. Ao longo das gerações, as uvas se mantiveram e o processo de produção era o mesmo. Havia diferenças entre as safras, o que era, de fato, o grande charme de Bordeaux. Porém, algo muito maior que o trabalho e o conhecimento de cada produtor exigiu uma readaptação: as mudanças climáticas. Percebeu-se, portanto, que era chegada a hora de tirar a capa da tradição e enxergar além do que se via.

Novas variedades

Dessa maneira, nos últimos dez anos, os produtores da região cultivaram pequenos lotes experimentais de videiras com variedades diferentes das tradicionais, com monitoramento frequente. Aos poucos, aumentaram a escala e estudaram os eventos em cada etapa da vinificação. O resultado? Perceberam que Bordeaux vai muito além de: Merlot; Cabernet Sauvignon; Cabernet Franc; Petit Verdot; Malbec; Carménère; Sémillon; Sauvignon Blanc; Muscadelle; Colombard; Merlot Blanc; Sauvignon Gris; e Ugni Blanc.

Depois de inúmeros testes ao longo da década, enólogos das AOC’s Bordeaux e Bordeaux Supérieur (regiões que representam mais de 50% da área total de Bordeaux) se reuniram em uma assembleia-geral e aprovaram por unanimidade outras sete variedades (quatro tintas e três brancas): Arinarnoa; Castels; Marselan; Touriga Nacional; Alvarinho; Liliorila; e Petit Manseng. Assim, flexibilidade passou a ser a palavra da vez.

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Diante de um aquecimento nítido de Bordeaux, portanto, a busca por novas variedades se fez necessária e os produtores precisaram ser ágeis para conseguir superar o tradicionalismo. As novas castas foram escolhidas de acordo com algumas premissas, como: alta acidez, brotação tardia, para evitar geadas de primavera, amadurecimento tardio e boa resistência às doenças, principalmente a podridão cinzenta e o míldio. As brancas precisavam ser aromáticas para suportar o calor e, mesmo com alguma perda desses aromas, permanecer com caráter predominantemente aromático.

Se aprovadas, de fato, pelo Instituto Nacional de Origem e Qualidade (Inao), as novas castas poderão representar até 10% do blend final, mas somente 5% da área vinícola do produtor, os quais poderão iniciar o plantio no ciclo deste ano.

Indicamos
  • Château Penin Reserve AOC Bordeaux Supérieur 2014
  • Bordeaux, França
  • R$ 221 – Zahil

Ainda a Merlot, uva que sofre com altas temperaturas, consegue compor a maior parte do blend desse vinho (90%), que é completado com Cabernet Franc, duas importantes uvas tintas de Bordeaux. As proporções podem mudar a cada safra, de acordo com as características climáticas do ano, após degustações periódicas. O Château Penin Reserve é um vinho de médio corpo, com taninos macios, acidez equilibrada e aromas que mesclam frutas vermelhas e negras, com notas de evolução.

 

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