Farlene Nunes: brasa, sabor e determinação
A chef de acompanhamentos do Assador, no Rio de Janeiro, desafia as barreiras de um universo masculino e se torna uma referência
A cozinha profissional sempre foi um território majoritariamente masculino, e em uma churrascaria, esse cenário se torna ainda mais desafiador para as mulheres. No entanto, Farlene Nunes, de 41 anos, mostrou que talento e determinação são ingredientes essenciais para conquistar espaço nesse ambiente. Como chef de acompanhamentos do Assador, uma das churrascarias mais renomadas do Rio de Janeiro, ela imprime sua identidade em cada prato servido e redefine o conceito de liderança feminina na gastronomia.
“Desde que comecei aqui, muita coisa mudou. Antes, a churrascaria era vista como um espaço exclusivamente masculino. Mas eu nunca hesitei em pegar no pesado e comandar com firmeza. Sempre provei que sou capaz de entregar o melhor”, afirma Farlene, orgulhosa de sua trajetória.
Seu talento chamou a atenção não apenas dos clientes, mas também de grandes nomes da gastronomia. O chef francês Claude Troisgros, ao visitar o Assador, ficou impressionado com sua capacidade de gerenciar uma casa de centenas de lugares e perguntou como ela dava conta de tudo. A resposta veio com naturalidade: “É por amor”. Essa paixão pela culinária impulsiona sua carreira e serve de inspiração para outras mulheres que desejam romper barreiras no setor.
Além de comandar a cozinha com excelência, Farlene carrega consigo a essência de sua história. Sua caponata, servida no restaurante, traz o toque especial de uma receita familiar preparada por sua mãe nos Natais de sua infância. Outros destaques de seu cardápio incluem o vinagrete de uvas com arroz negro, grão-de-bico e bacalhau, além de saladas sofisticadas, como o mix de grãos com cebolinha marinada e o tabule. Seu olhar atento para a qualidade dos ingredientes garante que cada guarnição complemente perfeitamente os cortes nobres da casa.
O caminho até o sucesso, porém, não foi fácil. Mãe solo de dois filhos, Farlene precisou reinventar sua trajetória profissional para seguir seu verdadeiro sonho: a gastronomia. Sem formação superior, mas movida por determinação, trocou o trabalho como faturista em escritórios pela cozinha, onde encontrou sua vocação. “Comecei há quase 17 anos, quando minha filha mais nova tinha um ano. Fui para a cozinha por necessidade, mas também por paixão. E, com o tempo, esse amor só cresceu”, relembra.
Hoje, em um cargo de destaque, Farlene ainda vê desafios a serem superados para que mais mulheres ocupem espaços na gastronomia profissional. “Muitas mudanças aconteceram ao longo dos anos, mas ainda há um longo caminho a percorrer”, afirma. Seu legado, no entanto, já está consolidado: provar que talento, dedicação e amor pela profissão são capazes de derrubar qualquer barreira.



