Mesa SP – A cozinha pode mudar o mundo
A premiada chef boliviana Marsia Taha, do Gustu, vem ao Mesa Tendências falar sobre o papel transformador da gastronomia
Por Flávia Pinho
Nascida em La Paz, Marsia Taha é um dos nomes mais engajados da gastronomia boliviana. Mas sua carreira guarda uma particularidade – os projetos sociais vieram bem antes do restaurante Gustu, onde ela foi eleita Chef Mulher em Ascensão pelo Latin America’s 50 Best Restaurants, em 2021, e uma das 100 melhores chefs do mundo pelo The Best Chef Award, em 2022.
Dez anos atrás, Marsia abraçou uma causa: a gastronomia pode mudar o mundo. Tudo começou com a criação de escolas de capacitação, onde jovens vulneráveis aprendiam a cozinhar usando produtos bolivianos nativos –o que também se refletia em ganhos para os pequenos produtores. Em seguida vieram o Gustu, em 2013, e o projeto Sabores Silvestres, fundado em 2018 em parceria com a ong norte-americana Wildlife Conservation Society. O fio condutor, no fundo, é sempre o mesmo. “Decidir o que comemos é um ato político, pois esse gesto pode mudar a realidade de muita gente. Nosso papel, como cozinheiros, é fazer com que essa cadeia produtiva seja manejada de maneira mais democrática e dar voz àqueles que não são ouvidos.”
Em sua apresentação no Mesa Tendências, Marsia pretende mostrar os pontos em comum entre Bolívia e Brasil. Ambos são países com uma biodiversidade de causar inveja, que têm suas riquezas culturais sob constante ameaça. Têm sociedades urbanas distantes da realidade de quem produz a comida de fato. E são países que também acordaram recentemente para a importância de preservar suas raízes – cenário que, na opinião da chef, é comum a toda a América Latina.
“Nos últimos anos, começamos a mudar nossa mentalidade e os latino-americanos finalmente acordaram para o fato de que somos gigantes. Nossa cultura está em foco, pessoas do mundo todo querem vir nos conhecer. Felizmente reagimos a tempo.”