Nosso prato – refeições no campo de batalha contra o Covid19
Iniciativa cria um círculo virtuoso para alimentar profissionais da saúde e população em risco, e ao mesmo tempo dar fôlego para setor de restaurantes
Numa guerra, todos se unem contra o inimigo comum. Por isso, a Central de Cozinha, o Mundo Mesa, a Abrasel ( Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) e a plataforma Doe Certo se uniram para criar um círculo virtuoso entre restaurantes e catering, profissionais da saúde e ONGs: o Nosso Prato. O sistema é simples: você “compra” um prato de comida por 9 reais pelo site nossoprato.org e este dinheiro alimenta toda a cadeia. Ou seja, um percentual vai para os restaurantes e caterings cadastrados que produzem as refeições diárias, garantindo empregos no setor; então, os profissionais de saúde que estão à frente de batalha e as ONGs que trabalham com pessoas em situações de risco, recebem as refeições diariamente.
Por Mariella Lazaretti
O sistema, portanto, contempla nestes 9 reais toda a operação: mão de obra, insumos, embalagens e distribuição em hospitais, serviços médicos cadastrados e ONGs. Todo mundo ganha, mas fundamentalmente ganha mais o cidadão comum que consegue fazer algo direcionado aos soldados que salvarão a todos nós.
Como funciona
Cada restaurante cadastrado deverá fornecer um mínimo de 400 pratos diariamente. Com isso, terá uma verba de aproximadamente 40 mil reais para fazer frente à sua folha de pagamento. Os restaurantes interessados em aderir ao projeto podem se cadastrar no próprio site. Chefs como Viko Tangoda (catering Viko Tangoda e rotisserie), Marcos Livi (dos restaurantes Brique, Veríssimo, C6 e Di Napoli) e a chef Morena Leite (Grupo Capim Santo) são alguns dos nomes confirmados. A distribuição foi concebida para atender aos médicos, enfermeiros e demais profissionais da saúde de hospitais de campanha e iniciativas públicas. Bem como as Organizações Não Governamentais podem se inscrever para receber os pratos e distribuir às suas comunidades.
“Para que a iniciativa tenha fôlego, queremos contar também com doações de insumos por meio da ajuda de supermercados, varejões e, sobretudo, produtores rurais que infelizmente têm posto fora parte de suas colheitas por falta de compradores”, diz Sergio Collaço, diretor da Central de Cozinha. Em uma semana, o projeto conseguiu arrecadação para custear 3.500 pratos. Mas é preciso que as pessoas doem mais e sempre. A iniciativa piloto ficou a cargo de Viko Tangoda, que neste momento está fornecendo 300 refeições por dia à comunidade de Paraisópolis. E a operação terá início também em Belo Horizonte com o restaurante Xapuri.
“A motivação do grupo foi permitir que o mercado tão abalado da alimentação ganhasse fôlego para ultrapassar parte desta crise, oferecendo trabalho e produto essenciais para a luta contra o próprio Covid-19”, diz Georges Schnyder, diretor do Mundo Mesa, Núcleo de Inteligência em Gastronomia, que produz a revista Prazeres da Mesa e o evento Mesa São Paulo, há 17 anos. “Os profissionais de saúde precisam de apoio. Um prato de comida quentinho, feito por chefs e restaurantes conceituados, certamente levantará a moral da tropa”, diz.
O setor de Bares, Restaurantes e Catering emprega 6 milhões de pessoas em todo Brasil. Até a semana passada, 400 mil pessoas haviam sido desligadas de seus postos de trabalho. Paulo Solmucci, Presidente da Abrasel, cujo papel decisivo na construção e aprovação da Medida Provisória 936, liberou um pacote de benefícios para o setor, anima-se com a perspectiva do Nosso Prato. “Com uma única ação, ajudamos muita gente. Juntos somos mais fortes e neste caso é fundamental que construamos uma corrente forte em todo país. A sociedade certamente não se furtará em doar 1, 50 ou 1.000 pratos de comida a quem está salvando as vidas de nossos entes queridos”.
Saiba mais em @nossoprato.br ou entre no site nossoprato.org.
