MESA do Chef JAN 2025

O Crescimento do veganismo na América Latina e oportunidades para restaurantes não especializados

O movimento vegano e vegetariano está em expansão, e restaurantes que não são especializados já percebem a importância de adaptar cardápios. Essa tendência global também traz desafios e oportunidades para quem busca atrair um público diversificado e adotar práticas mais sustentáveis.

O veganismo e o vegetarianismo vêm ganhando cada vez mais adeptos na América Latina, impulsionados pela preocupação com saúde, sustentabilidade e bem-estar animal. No Brasil, o avanço do movimento é destaque, conforme revela o novo levantamento realizado pela Veganuary, organização que promove o veganismo, em parceria com o aplicativo HappyCow, plataforma número um para localizar opções veganas em mais de 180 países.

Segundo o estudo, o Brasil lidera o ranking de países latino-americanos com maior número de locais que oferecem opções veganas, somando 3.141 estabelecimentos — apenas três a mais que o México, que concentra a maior quantidade de restaurantes 100% veganos (740). A Colômbia ocupa a terceira posição com 208 restaurantes exclusivamente veganos. Apesar disso, a pesquisa evidencia o esforço de restaurantes brasileiros para adicionar pratos à base de plantas em seus menus, uma estratégia que amplia a acessibilidade e atrai novos públicos.

O estudo revela um crescimento de 33,9% na quantidade de restaurantes veganos em toda a América Latina. São Paulo lidera como a cidade do continente com mais estabelecimentos (671), seguida pelo Rio de Janeiro (291), Brasília (212) e Porto Alegre (168), colocando quatro cidades brasileiras no top 10. 

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O veganismo está se consolidando como uma oportunidade estratégica para o setor de alimentação, especialmente em um momento em que consumidores buscam cada vez mais opções saudáveis, éticas e sustentáveis. Restaurantes que se adaptam às novas demandas não apenas ampliam seu público-alvo, atraindo veganos, vegetarianos e flexitarianos, mas também demonstram um compromisso com práticas de responsabilidade social e ambiental. Essa abordagem reforça a marca como inovadora e alinhada às tendências globais de sustentabilidade.

A liderança brasileira no cenário vegano, evidenciada pelo crescimento de estabelecimentos que oferecem opções à base de plantas, reflete um mercado repleto de potencial para crescimento e inovação. Incluir pratos veganos nos cardápios não significa apenas acompanhar a moda — trata-se de adotar uma estratégia que pode impulsionar a lucratividade e reduzir desperdícios. Ao substituir ingredientes de origem animal por alternativas vegetais, os restaurantes conseguem explorar alimentos mais acessíveis e duráveis, como tofu, grãos e vegetais sazonais, o que pode ajudar a equilibrar os custos operacionais. Além disso, itens como leites vegetais e farinhas de leguminosas abrem caminho para sobremesas criativas e inclusivas, agradando também consumidores com restrições alimentares.

A diversificação do cardápio não apenas atrai um público mais amplo, mas também cria uma experiência gastronômica mais rica e versátil. Por exemplo, pratos tradicionais podem ser reinventados com substituições simples, mantendo o sabor e a apresentação. Oferecer opções como hambúrgueres de grão-de-bico, massas com molho à base de castanha-de-caju ou sobremesas feitas com leite de amêndoas é uma forma de demonstrar atenção às preferências contemporâneas, garantindo que ninguém se sinta excluído.

Além dos benefícios econômicos e de mercado, é um passo em direção a práticas mais ecológicas, contribuindo para a redução da pegada de carbono associada à produção de alimentos de origem animal. Restaurantes que comunicam essas ações podem criar conexões mais fortes com seus clientes, que, cada vez mais, valorizam empresas comprometidas com a sustentabilidade.

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Luiza Pires

Instagram: @luizarpires

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