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O mundo perfeito

Um restaurante de alta gastronomia à beira do Lago de Zurique, uma boutique de chocolate orgânico e um SPA com circuito de águas ambientado em uma antiga cervejaria: este mundo perfeito fica em Zurique

Por Cris Berger (@cris_berger)

O restaurante Marguita @meetatmarguita, que fica dentro do hotel Baur au Lac em Zurique, na Suíça, abriu suas portas no verão europeu de 2024 e entrega sabores mediterrâneos para os comensais. Minha reserva estava marcada para às 13 horas. Passei pela recepção do Baur au Lac; fundado em 1844 por Johannes Baur e pensei: “que hotel elegante”. Sua localização é impecável: ele está nas margens do Lago Zurique e de frente para os Alpes Suíços. E o Marguita fica dentro dele.

Marguita / Foto: @guiapetfriendly

Disse meu nome para a hostess, meu casaco foi pendurado e segui até a mesa ao lado da grande janela de vidro, com vista para o imenso jardim. Olhei em volta e observei a beleza deste restaurante decorado por Martin Brudnizki com tons de azul e amarelo e plantas pintadas à mão pelo estúdio de design Pictalab de Milão. Imaginei como seria a atmosfera noturna e tenho certeza de que deve ser romântica, portanto, listei o primeiro motivo para voltar. Haverá outros, é claro.

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O Marguita nos leva à história da família Kracht e seu legado em receber bem, mantido por sete gerações. Ele quer entregar a mesma experiência que os Krachts têm entre si: “Amamos estar juntos. A comida não é a protagonista, mas a razão de nos reunirmos. Queremos que o Marguita seja um local para compartilhar pratos, ter conversas divertidas e desfrutar da alegria de estar entre boas companhias”, revela Andrea Kracht, que representa a sexta geração da família. Lembrando que Marguita também é o nome da filha de Andrea, que está sendo preparada para assumir a posição do pai.

O chef Maximilian Müller é quem comanda o espetáculo e promete conquistar os paladares dos comensais como fez com o Pavillon, que esteve neste mesmo lugar, também a seu comando. Antes de chegar ao time dos Krachts, passou pelas cozinhas do Solringhof em Sylt; ao norte da Alemanha; e Noma de René Redzepi, em Copenhague. Grande apreciador da cozinha mediterrânea, faz uma releitura de receitas clássicas. Temos peixes e frutos do mar, carnes, massas e risotos para escolher. Os ingredientes vêm da Itália, Espanha, sul da França, Grécia e Bretanha. “Mesclamos os insumos do Mediterrâneo com os vegetais plantados de forma artesanal na Suíça”, explica o chef.
Não foi fácil decidir por qual prato pedir. No final, sucumbi, sem arrependimentos, ao risoto de cogumelos, que estava divino. E confirmei o que eu já imaginava: os cogumelos são plantados por pequenos produtores locais. Porém, confesso que olhei com curiosidade para o robalo, que é assado em uma massa salgada, e estava sendo servido na mesa ao lado. Se eu soubesse que o prato preferido do chef é o King Crab Rossini, eu teria mais dúvidas ainda sobre o que pedir. Nas palavras de Maximilian: “Eu criei o King Crab quando fui pescar caranguejo real na Noruega, ele é um prato icônico para mim”. Sendo assim, já tenho dois motivos para voltar.

Marguita / Foto: @guiapetfriendly

As opções de sobremesas também eram “indecentes”. O fato do suflê levar meia hora para ser preparado fez com que eu optasse por ele e o pedido foi feito no começo da refeição, portanto, o timing deu certo. Em uma mesa de apoio, o suflê é colocado. E, sim, exige destreza para servi-lo. Você vai acompanhando a colher cortá-lo ao meio e com a ajuda de mais uma colher, ser transportado para pratos menores. Ao provar, fechará os olhos, afinal, a leveza e sabor são de levitar. Assado em banho maria, em uma temperatura de 210 graus, é realmente uma obra prima de leveza e indulgência como Maximilian o define muito bem.

Abri os serviços com um cálice de champanhe dos vinhedos de Philipponnat, que estava fantástico e segui com ele ao longo da minha jornada gastronômica. Entretanto, descobri que a carta de vinhos guarda preciosidades, algumas de 1940 e com 700 diferentes rótulos. O que mais eu preciso para voltar ao Marguita na minha próxima passagem por Zurique?

La Flor

LaFlor / Foto: @guiapetfriendly

Quando você degustar um chocolate da La Flor @laflor_schokolade, saiba que há um bocado de história e filosofia em cada mordida, pois é uma empresa ambientalmente sustentável. Eles poderiam dizer que todos os insumos são orgânicos, mas, claro, não fariam isso, pois não é verdade. Portanto, a informação correta é: “usamos produtos orgânicos sempre que possível.”

Eles compram ingredientes de empresas ou pequenos produtores que possuem a mesma mentalidade. Não apenas o cacau é orgânico, mas também o açúcar, a manteiga e o leite. Não são utilizados aditivos ou conservantes. O transporte é feito por via marítima e, no caso da Colômbia, em um barco à vela. As entregas não são feitas por carro e, sim por bicicletas.

O cacau vem de países da América do Sul: Peru, Brasil, Equador, Venezuela e Colômbia. Nas palavras da La Flor: “O intercâmbio próximo com os fornecedores é a base do nosso trabalho. Juntos, nos tornamos cada vez melhores”.
Cada barra de chocolate vem de uma região. No Brasil, é comprada da Fazenda Vera Cruz, localizada na Bahia, que produz uma grande quantidade dessa matéria-prima. Ela faz parte da cooperativa Cabruca, que tem como propósito ajudar a preservar a Mata Atlântica. Chega ao mercado com a barra de chocolate amargo 70% e o chocolate quente apimentado.

A embalagem é 100% reciclável e utiliza bioplástico no lugar do plástico convencional. O NatureFlex, derivado de fibras de madeira, substitui a folha de alumínio. A camada externa é feita de papel proveniente de resíduos agrícolas. Esses cuidados com o meio ambiente se alinham à preocupação em proteger o chocolate da luz e do ar, elementos que comprometem sua qualidade.

O cacau chega em formato de nibs a Zurique e, então, a produção manual começa. A característica própria de cada terroir é levada em consideração e, por isso, os chocolates da La Flor são conhecidos como Single Origin (origem única) e vêm de apenas uma área de cultivo. No portfólio, há 11 tipos de chocolates, divididos em branco, ao leite, amargo, vegano e quente. O processo, desde o momento em que o chocolate é colhido até ele chegar ao formato de barra, leva nove meses.

Os chocolates La Flor são vendidos exclusivamente na Suíça. Em Zurique, na cidade velha, podem ser encontrados na loja Schwarzenbach, fundada em 1864.

Hurlimannbad SPA

Hurlimannbad SPA / Foto: @guiapetfriendly

Em 1836, a cervejaria Hurlimann @huerlimannbad foi fundada em Zurique. Na década de 1880, ela era considerada a mais importante da Suíça. Daquele tempo, ficou seu nome, que representa a área de Areal Hurlimann, um bairro revitalizado da então Zurique industrial, que se tornou a casa do Google na Europa e onde está o Hurlimannbad SPA.
Enquanto você está imerso em profundo estado de relaxamento, olha para os arcos originais feitos de grandes blocos de pedras e as abóbadas e pensa: “Devo estar em um palácio de um poderoso imperador de séculos atrás”.
Ele é o único de Zurique. Não há nada parecido no Brasil. Pelos três andares há saunas, salas de relaxamento com espreguiçadeiras e pedras quentes e piscinas com diferentes temperaturas e intensidade de jatos. Além das massagens, que são serviços contratados à parte.

Existe um roteiro sugerido, que começa com uma sauna a 40 graus, passa por uma esfoliação e ducha no chuveiro, segue para outra sauna, cinco graus mais quente, e chega à primeira piscina a 40 graus. Então, há pedras quentes no formato de um banco para sentar ou deitar. Claro que você pode seguir a sua própria ordem e repetir quantas vezes quiser. No banho romano, que elegi como o preferido da parte interna, as abóbadas são vistas com bastante destaque e há diversos jatos fortes para massagear a pele.

Na área central, está a piscina mais bonita e também a maior. Sua lateral é transparente e, por isso, é possível ver o banco de madeira em curva para sentar. A água está em constante movimento e há pontos de hidromassagem. Na parede ao fundo, estão as antigas barricas, que armazenavam as cervejas. Na sala Esmeralda, você escuta música debaixo d'água. O corredor com chuveiros emitindo três intensidades de chuva é genial: a luz muda junto com o som.
No rooftop está a piscina ao ar livre, climatizada a 35 graus, com vista para os telhados de Zurique e para a chaminé da antiga cervejaria. Na minha opinião, é a melhor parte do SPA. Não há chance de você sentir frio, pois a entrada é pela parte interna do prédio e a temperatura da água supera os baixos graus do inverno europeu. Tudo o que você precisa fazer é relaxar. O melhor? É proibido circular com o celular e fotografar; portanto, além de privacidade, há o bônus de um detox tecnológico.

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Prazeres da Mesa

Lançada em 2003, a proposta da revista é saciar o apetite de todos os leitores que gostam de cozinhar, viajar e conhecer os segredos dos bons vinhos e de outras bebidas antecipando tendências e mostrando as novidades desse delicioso universo.

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