Zorzal Eggo Corte Tinto de Tiza 2012
Gualtalarry (Uco-Mendoza), Argentina
R$ 229, Grand Cru
Geralmente tintos sul-americanos são marcados pela concentração de sabores de fruta sobremadura, excesso de uso de carvalho e alto teor alcoólico que, por vezes, os tornam pesados. Aqui destaca-se a complexidade, com aromas e sabores bem definidos e característica mineral que o torna elegantemente vibrante. Chama atenção pela pureza dos aromas e sabores, que variam de groselhas vermelhas a negras, complementado por uma suculenta ameixa-negra, taninos finos e sedosos com harmonioso final longo. Muito bem elaborado.
Thiago Mendes – sócio na Enocultura
Bodegas Peñafiel Silencio de Miros 2013
Ribera del Duero, Espanha
R$ 598,50, Wine & Co.
Um tinto intensamente aromático, feito 100% com a variedade Tinto Fino (Tempranillo), com notas de frutas maduras e especiarias doces. A exuberância da fruta domina o conjunto e faz com que o estágio de 36 meses em barricas de carvalho francês novas apareça apenas como uma delicada lembrança de tostados e especiarias. Encanta pela elegância e longa persistência em boca. Perfeito para uma noite fria, quando se espera ser envolvido pelo calor e aconchego que este grande tinto de Ribera del Duero pode oferecer.
Gabriele Frizon – sommelière
Blandy’s Madeira Rainwater Medium Dry
Ilha da Madeira, Portugal
R$ 188,63, Mistral
Vinhos fortificados são opções fáceis para um dia frio. No entanto, esse universo pode ir além dos mais conhecidos Porto e Moscatel de Setúbal. Este Madeira tem doçura delicada e mostra a tipicidade dos vinhos da região: aromas de frutas cristalizadas (laranja, damasco e tâmara) com mascavo e especiarias, além da marcante acidez, que o deixa mais fácil de beber que outros fortificados. À mesa, faz-me pensar na companhia de bolos e tortas com frutos secos (amêndoas e nozes especialmente). Outra vantagem é que pode ficar na geladeira, e seguirá íntegro por meses depois de aberto.
Marcel Miwa – Prazeres da Mesa
Argiano Non Confunditur 2011
Toscana, Itália
R$ 252, Portus Importadora
Na Vinheria Percussi, a escolha recorrente para as noites frias deste ano tem sido o NC de Argiano. A mescla de Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Sangiovese resulta de vinhedos próprios, cultivados na região de Montalcino e recebe moderada passagem (cerca de nove meses) por barricas e grandes tonéis de carvalho franceses e da Eslavônia. O resultado é um tinto sedutor e equilibrado que na safra 2011 foi elaborado pelo craque Hans Vinding Diers e hoje tem Alberto Antonini no comando da enologia.
Lamberto Percussi – sócio na Vinheria Percussi
Yalumba Y Series Shiraz Viognier 2014
South Australia, Austrália
R$ 84,92, wine.com.br
Minha dica para os dias frios é um tinto potente, que não perde a elegância. Tenho apreciado vinhos com pouca ou nenhuma madeira, nos quais a fruta é a protagonista. Este é um ótimo exemplar. Assim como as muitas roupas que vestimos nessa época, seus aromas se revelam em camadas – frutas negras (ameixa), notas florais (violeta) e um toque de pimenta-branca, bem característico da variedade. Supermacio, quente em boca (tem 14% de álcool), com ótima acidez. Este corte de Shiraz e Viognier
é feito pela vinícola familiar mais antiga em operação.
Rodrigo Lanari – sócio na Winext
Bracco Bocca Ombú Tannat Reserva 2016
Canelones, Uruguai
R$ 132,54, Domno
A história é particular: o nome do vinho é uma homenagem à árvore que fica em frente da bodega e sob a qual, reza a lenda, os vizinhos “gallegos” enterravam suas riquezas. Depois de anos adormecido, depois de ser atingido por um raio, o Ombú renasceu em 2005, ano da primeira safra. Os ventos da região permitem a viticultura sem agrotóxico. Este Tannat de taninos domados se mostra sedoso e potente, cheio de frutas silvestres, com notas de chocolate e violeta. Vamos esquentar este inverno com taninos?
Camila Ciganda – sommelière
Olivier Leflaive Saint-Alban 1er Cru Dents de Chien 2009
Borgonha, França
R$ n/d, Interfood
Em dias frios tenho vontade de comer fondue de queijo. No meu caso, prefiro os brancos, até mesmo nos dias frios. No inverno, opto por um vinho com mais corpo. Mineralidade e acidez não podem faltar. Uma ótima opção é o Saint-Alban branco (para quem não quer arcar com um Montrachet, Saint–Alban, em especial o vinhedo 1er Cru Dents de Chien, é praticamente vizinho), no qual a Chardonnay brilha na safra 2009, que foi ótima em toda a Europa. Espere por aromas cítricos, de flores brancas e mel, com textura cremosa e bom frescor.
Gleicy Cerillo – sommelière no Racines NY
Château Barouillet Bergerac 2015
Bergerac (Sudoeste), França
R$ 98, De la Croix
O frio me faz pensar em vinhos plenos, com intensidade de cor, aroma e corpo. Este tinto, de uma região pouco conhecida e sem passagem por madeira, traz boa combinação entre as cepas Malbec, Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc, com sensoriais campesinos (terra e flores) e de frutas próximas do brasileiro, como o açaí e a pitanga. A boa estrutura acalenta e o faz ótima opção para uma noite com clima de inverno.
João Pichetti – sommelier no D.O.M.
Aventura Tinto 2013 750ml
Alentejo, Portugal
R$ 175,34, Adega Alentejana
Confesso que não sou muito de escolher o vinho por causa do clima, mas tenho cada vez mais predileção por rótulos dos quais conheço a história do produtor, daqueles que não se rendem apenas ao comercial, mas que fazem os vinhos em que acreditam e que gostam de beber. É o caso de Susana Esteban, jovem enóloga espanhola que escolheu Portugal para fazer seus grandes vinhos. Aqui, ela faz o casamento das uvas Touriga Nacional e Aragonez e castas variadas de vinhedos antigos. O resultado é a cor vermelha-violácea intensa, aromas frescos e intensos, e uma boca de taninos sedosos e conjunto elegante.
Ricardo Castilho – diretor editorial de Prazeres da Mesa
Áster Crianza 2010
Ribera del Duero, Espanha
R$ 291, Zahil
Divido minhas escolhas de maneira clássica: brancos no verão e tintos sempre. E, ainda, se não estiver degustando profissionalmente, vou sempre para os espanhóis, não importando a região. Considero o Áster Crianza um vinho especial, com os sabores das frutas negras, como ameixa, funcionando como seu cartão de visitas. Depois aparecem as nuances dos 18 meses nas barricas francesas e americanas, mas muito harmônico, fazendo perfeito casamento. Na boca, explode a concentração da fruta, as notas de tabaco e chocolate, tudo envolto em muita elegância e complexidade. Bom potencial de envelhecimento, mas, agora, está bem gostoso.
Pedro Melo, jornalista e bon vivant
Michele Castellani Valpolicella Classico Ripasso Castamaran 2014
Vêneto, Itália
R$ 155,40, Decanter
Para mim, um vinho que combina com dia frio deve ter bom corpo e estrutura, o álcool deve trazer o calor e a sensação de conforto (porém, não em desequilíbrio) e a fruta em compota presente. Normalmente, pensaria em um Amarone, mas há uma boa opção entre seu “primo não tão famoso” Ripasso. O domínio da Corvina (70%) dá o caráter frutado intenso (ameixa e cereja madura e em compota), com toque de chocolate, especiarias e café. Boa estrutura e concentração é o resultado do contato com as borras do Amarone.
Gilberto Medeiros – presidente da Sbav-SP