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Raízes e experiências

Juntando lembranças de família e aprendizados em viagens, Pedro Benoliel cria uma cozinha autoral e cheia de memória afetiva

Aos 18 anos, o carioca Pedro Benoliel viajou para Israel e conseguiu um emprego como cortador de carnes em uma churrascaria brasileira. Filho da banqueteira carioca Monique Benoliel, ele sempre gostou de cozinha, mas foi durante a experiência fora do país que veio a certeza de que queria trabalhar com gastronomia. Antes de voltar, ainda se aventurou em cozinhas da França e da Espanha, nas quais pôde aprender técnicas mais sofisticadas.

De volta ao Rio, ele estagiou no Zazá Bistrô e no Le Pré Catelan antes de assumir a direção gastronômica do bufê e serviço de catering comandado por sua mãe há mais de duas décadas. Com inspiração em suas viagens, então, Pedro trouxe um novo olhar para o Ateliê Benoliel. E quando falamos de viagens não é apenas sobre destinos internacionais. O chef comanda o programa Tempero na Mochila, do canal Food Network, em que percorre praias do litoral paulista em busca de receitas locais.

Além das viagens, outra inspiração que norteia as criações dele são suas memórias de infância. “As experiências de vida, de quando você sai de casa para buscar referências junto com suas influências de família, precisam se complementar. É isso que define seu ‘eu’. Para mim, foi essa junção que definiu quem sou como chef”, afirmou o carioca, durante o Mesa Minas.

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Foto: Ricardo D'angelo

Raiz judaica

Com uma família de origem judaica, Pedro teve uma infância marcada por festas animadas, com direito a receitas típicas daquela culinária. Então, aproveitou o evento para trazer suas lembranças à mesa. Para isso, ele escolheu o cordeiro sefaradi. “Minha avó sempre preparava esse prato quando havia alguma festividade judaica. Os elementos que acompanham a carne sempre fizeram parte de nossa mesa”, disse o chef.

Existem duas etnias judaicas, os asquenazes, que são descendentes da Europa, e os sefaradis, que vieram do Oriente Médio, dos países árabes. A gastronomia costuma ser diferente entre os dois povos. Os pratos sefaradis levam mais insumos e temperos do que os dos asquenazes, por isso são considerados uma culinária mais rica. “O cordeiro tem de ser feito com ingredientes de boa qualidade. É uma receita muito simples, mas que não pode ser feita sem insumos frescos”, afirmou o chef, reforçando a ideia de valorização dos ingredientes.

O cordeiro foi servido com berinjela, outro insumo que não falta na mesa dos judeus sefaradis. De quebra, Pedro ainda preparou coalhada seca temperada e uma salada inspirada no ano em que ele viveu em Israel, com tâmaras, pepino e tomate. E foi com essa receita que ele conseguiu mostrar como juntar em um único prato as raízes, as influências e as experiências.

*Reportagem publicada na edição 198 de Prazeres da Mesa

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Prazeres da Mesa

Lançada em 2003, a proposta da revista é saciar o apetite de todos os leitores que gostam de cozinhar, viajar e conhecer os segredos dos bons vinhos e de outras bebidas antecipando tendências e mostrando as novidades desse delicioso universo.

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