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Viva o milho! Chefs ensinam receitas com o ingrediente

Um dos grãos mais diversos da culinária mundial, o milho é também um dos alimentos mais ricos e completos

Do bambá de couve, que mescla as cores da nossa bandeira, ao milho das carrocinhas das praias no Rio, passando pelo enfeitado e rico cuscuz paulista e chegando à papa capixaba, o milho é onipresente em todas as regiões do Brasil; e em boa parte do mundo. O milho é adorado.

Por Pedro Melo

Em nossa cultura, os imigrantes provenientes da Europa reforçaram o uso e o consumo dessa base alimentar. Portugueses, espanhóis, alemães, mas principalmente os imigrantes italianos foram responsáveis pela permanência e até mesmo pelo crescimento da aceitação do milho na culinária familiar e na dos restaurantes. Praticamente todo mundo gosta de milho.

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Ingrediente ancestral

O milho, da família Poaceae e do gênero Zea mayz, é adorado no México e atribuído a ele o sustento de toda a civilização inca e maia. Pesquisas indicam seu aparecimento com o da cerâmica na região do Novo México. Na Europa e na Ásia, já era conhecido um tipo de grão menor, o milheto. Já no Brasil, o zea maiz continuou a ser chamado de milho e, segundo os relatos do início da civilização, os índios guaranis gostavam de saboreá-lo assado e apreciavam muito o abatii, bebida feita com os grãos cozidos, mastigados pelas mulheres moças e velhas da tribo, postos para fermentar e ferver.

Em alguns países, ainda encontramos os milhos coloridos. Entre nós, há quem diga que ainda podemos encontrá-los, perdidos em algumas roças. Não chegam às feiras e nem aos mercados. No passado, o milho era comida de escravos e sempre foi utilizado em larguíssima escala para alimentar todo tipo de animal doméstico. Hoje, no Brasil, o maior produtor de milho é o Paraná, seguido de Minas Gerais, onde ele está presente em quase todas as mesas. Desde simples, cozido ou assado no ancestral forno a lenha, aos inúmeros quitutes doces ou salgados.

O milho faz a festa da mesa com as indígenas pamonhas vivendo lado a lado com as italianíssimas polentas. Mas, com porte imperial, é de lá que vem o prato mais vaidoso da cozinha brasileira, enfeitado qual pavão, o cuscuz paulista. Já no Rio, não há cozido sem milho cortado em rodelas pequenas enfiadas com palitinho para sugar o sabor misturado das carnes.

Como comprar

O milho verde pode ser comprado na espiga, com ou sem palha. Os grãos devem estar bem desenvolvidos, porém, macios e leitosos. A palha deve apresentar-se com aspecto de produto fresco e cor verde vivo. Para consumo em saladas, assado ou cozido, prefira os grãos mais novos. Nesse caso, o ‘‘cabelo‘‘ do milho, preso na ponta da espiga, apresenta-se com cor brilhante e transparente (cristalina). O milho para curau, mingau, angu, pamonha e outros pratos semelhantes, deve ser mais desenvolvido; nesse caso, o ‘‘cabelo‘‘ do milho apresenta-se com cor amarronzada, sem brilho e seco.

No caso da espiga sem palha, preste atenção à coloração dos grãos. O milho mais novo tem os grãos de cor amarelo-claro brilhante e cristalino, enquanto os grãos mais desenvolvidos são de cor amarelo fosco. Cuidado com o milho embalado em filme ou saco de plástico. Esse produto exige refrigeração, pois em condição ambiente perde rapidamente o sabor adocicado, fica duro e ‘‘farinhento” e pode deteriorar-se, o que é percebido pelo cheiro azedo. O mesmo se aplica para os grãos vendidos separados da espiga.

milho genérica_ Foto: Pixabay, divulgação
Foto: Pixabay, divulgação

Como conservar

O milho verde perde a qualidade rapidamente após a colheita. Em condição ambiente, dura no máximo um dia. Mesmo quando não se deterioram nesse período, os grãos ficam com o sabor e a textura prejudicados. Na geladeira, conserva-se no máximo por três dias. Como suporta baixas temperaturas, ele pode ser mantido na parte mais alta da geladeira. Não se esqueça de colocá-lo em saco de plástico para que os grãos não murchem rapidamente.

Variedades brasileiras

Os tipos mais encontrados no Brasil são dois:

Milho branco

Tem como principais finalidades a produção de canjica, grãos e silagem. Em algumas épocas e regiões do Brasil, a cotação da saca de milho branco pode ser até 50% superior à do milho tradicional. O auge da demanda ocorre no período imediatamente anterior à Quaresma, pois a canjica é um prato típico destas festividades. Embora ainda minoritário, o milho branco tem ganhado espaço no mercado nos últimos anos, e a área plantada tem refletido o aumento na demanda.

Milho verde

O milho verde no Brasil é utilizado em conserva e ao natural. É muito utilizado na elaboração de pratos como curau e pamonha.

Para lembrar a data, os chefs da rede de hotéis Louvre Hotels Group elaboraram três receitas fáceis e rápidas, com o milho como protagonista, para preparar em casa, em contexto de pandemia.

Ragu de frango caipira com polenta

1 porção

  • 150 g de frango caipira desfiado
  • 10 g de pimenta-de-cheiro
  • 3 g de tomilho
  • 310 ml de água para polenta
  • 80 g de fubá mimoso
  • 5 g de farinha de trigo
  • 15 g de alho-poró
  • 50 g de quiabo em julienne
  • 15 g de salsão
  • 15 g de cebola
  • 5 g de alho
  • 25 g de tomate
  • 5 g de manjericão
  • Água suficiente para o cozimento do frango
  • Sal a gosto
  • 1 g de pimenta-do-reino
  • 1 g de açafrão da terra
  • 3 g de pimenta-dedo-de-moça

1 Cozinhe o frango caipira em água, sal, pimenta-de-cheiro e metade dos seguintes temperos: salsão, alho-poró, cebola, açafrão da terra, pimenta-do-reino, tomilho e manjericão. 2 Desfie o frango e reserve (além disso, conserve também um pouco da água do cozimento). 3 Em uma panela, refogue o restante de cebola, alho, açafrão da terra, salsão, alho-poró, os demais ingredientes e o frango. Use um pouco do caldo do cozimento do frango para deixar o recheio caldoso. 4 Retire as sementes do quiabo e corte finamente no sentido do comprimento. Passe na farinha de trigo e frite em óleo a 180 ºC.

5 Em seguida, prepare a polenta com água, sal e uma pitada de açafrão da terra. Deixe cozinhar por cerca de 20 minutos, até dar o ponto de corte, e reserve em uma travessa rasa. Corte a polenta em aros de 5 cm e passe o maçarico nas bordas. 6 Faça uma cava na superfície da polenta e recheie com o ragu do frango. Por fim, decore com o quiabo frito.

Receita do chef Elízio Correa da Silva,

Ragu de frango caipira com polenta | Foto: divulgação
Ragu de frango caipira com polenta | Foto: divulgação

Cural de milho verde

25 porções

  • 4 litros de leite
  • 12 espigas de milho verde
  • 500 g de açúcar
  • Canela em pó para polvilhar
  • Canela em pau para decorar

1 Bata no liquidificador o leite com o milho. 2 Passe por uma peneira, apertando bem. 3 Em uma panela, acrescente o leite com o milho batido e o açúcar. Cozinhe por aproximadamente 40 minutos. 4 Em seguida, Coloque em recipientes individuais e leve à geladeira para ficar firme. Por fim, polvilhe canela em pó e decore com a canela em pau.

Receita do chef José Marx Denis Pereira

Cural de milho verde | Foto: divulgação
Cural de milho verde | Foto: divulgação

Bolo de milho com cobertura de canjica (curau)

1 bolo

  • Massa
  • 300 g de milho verde
  • 300 ml de leite
  • 250 g de açúcar refinado
  • 100 g de flocos de milho
  • 60 ml de óleo
  • 3 ovos
  • 60 g de coco ralado seco
  • 1 colher (sopa) de fermento
  • Manteiga e farinha de trigo para untar
  • Canela em pó para polvilhar
  • Cobertura de canjica (curau)
  • 300 g de milho verde
  • 200 ml de leite
  • 1 colher (sopa) de manteiga
  • 100 g de açúcar refinado
  • 50 ml de leite de coco
Massa

1 Unte e enfarinhe uma forma. Reserve. 2 Pré-aqueça o forno a 180ºC. 3 Bata todos os ingredientes no liquidificador. 4 Transfira a massa para a assadeira untada e enfarinhada. 5 Leve ao forno preaquecido e asse por aproximadamente 40 minutos.

Cobertura de canjica (curau)

1 Coloque no copo do liquidificador o milho verde, o leite e o leite de coco. 2 Bata até formar um creme. Passe o creme pela peneira. 3 Na sequência, em uma panela de fundo grosso, acrescente a manteiga e o creme de milho batido e coado. Cozinhe até o creme de milho engrossar. Mexa sempre para não queimar no fundo da panela. Retire da panela e reserve.

Montagem

Desenforme o bolo e cubra com a cobertura de canjica (curau). Por fim, polvilhe canela em pó a gosto e sirva.

Receita do chef Ricardo Albuquerque

Bolo de milho com cobertura de canjica (curau) | Foto: divulgação
Bolo de milho com cobertura de canjica (curau) | Foto: divulgação

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